sexta-feira, 5 de novembro de 2010

FATO x FICÇÃO


O Dr N. T. Wright, em um livro que escreveu combatendo os erros de “O Código da Vinci” de Dan Brown, afirmou: “É uma característica muito conhecida da cultura atual que algumas pessoas não podem diferenciar o fato da ficção”. Realmente Wright tem sido preciso em sua afirmação conclusiva. As pessoas, e isso inclui grande parte dos cristãos embora estejam vivendo em um mundo onde houve uma revolução nas informações, essas informações não estão sendo usadas para um discernimento concreto, para termos noção daquilo que é real e daquilo que não é real. A questão do conhecimento em muitos casos nos leva para uma espécie de discernimento, em outros, para uma espécie de precaução, e em alguns casos, o conhecimento produz defesa. Porque na medida em que entendemos o que é o que não é verdade, teremos a possibilidade não somente de rejeitar o erro, mas também combatê-lo de forma eficiente.

Nós vamos pegar essa afirmação conclusiva de Wright, e aplicá-lo nas questões religiosas, o cristianismo moderno não foge a regra, grande parte dos cristãos, principalmente entre os carismáticos e neo-pentecostais, vivem de muita ilusão ao invés de viver mais de realidade bíblica. Ainda a poucos meses atrás, um pastor de uma conhecida denominação pentecostal da minha cidade, implantou o sistema das “sete sextas da vitória” as pessoas eram atraídas pelos supostos milagres e a graça que poderiam alcançar, sendo fiéis na contribuição e na freqüência aos sete cultos consecutivos. Nesse caso, o cristianismo seria uma espécie de magia, onde num toque mágico, os problemas das pessoas seriam resolvidas da noite para o dia, simplesmente participando de um ritual programado. Eu creio em milagres, creio na libertação do bêbado, do drogado, eu mesmo presenciei e vi pessoas em depressão abraçarem o cristianismo, e conquistarem a libertação, mas isso não foi uma mágica, foram necessário muito aconselhamento, muita oração, muita leitura da bíblia, custaram lagrimas, assistência e muita, mas muita oração. Aqui está a questão, o cerne da questão: o avivamento não é um fogo espontâneo que entra em combustão automática, na verdade essa comparação é apenas simbólica, porque dentro de um contexto bíblico, o avivamento é o resultado de pessoas quebrantadas que oram muito, atraindo outras pessoas para orarem muito e serem quebrantadas. Aqui trata-se de avivamento real, vida cristã real, consagração real, porque há uma mobilidade para dentro do cristianismo.

CRER NO FATO NÃO NA FICÇÃO

É comum construir fabulas encima do cristianismo. Fazer com as coisas funcionem como se fosse uma mágica. Engraçado como o povo com a bíblia na mão consegue engolir as coisas como se fossem fatos. Jim Jones queria construir um reino utópico, suas idéias não eram muito diferente das apresentadas pelo comunismo de Stalin. Até onde sabemos o que é fato estamos em terreno seguro, mas quando entramos na ficção, corremos o perigo do desapontamento, da decepção. Teologias contemporâneas como a teologia da prosperidade são fabulas, a maior parte dos lideres que defenderam uma teologia estranha, a de que o homem com fé, não pode adoecer, na verdade a maior parte deles, adoeceu e morreram por conseqüência disso. Da mesma sorte, se aplica a questão das riquezas, essa teologia ensina que a pobreza é uma maldição. Todos os cristãos deveriam ser rico, mas a realidade é que nesse sistema só quem realmente fica rico são seus idealizadores. Nossa comunidade tem como exemplo, o líder carismático que foi pioneiro na introdução da teologia da prosperidade na cidade, atualmente ele anda com um carro velho desgastado, sem nenhum sinal de prosperidade, enquanto que os idealizadores da “fé” que ele tanto defendeu estão ricos. A teologia da prosperidade é uma ideologia que funciona muito bem para quem lidera o sistema, não para quem faz o sistema funcionar pagando os dízimos e as ofertas. Aqui está o fato misturado com a ficção, o fato comum na teologia da prosperidade é que somente os fundadores de ministérios que defendem essa ideologia ficam riquíssimos, e o povo que enche os templos ou são os progenitores de um alto índice de audiência dos programas televisivos, quase sempre é iludido, sustentando o ministério alheio.

As ficções religiosas não contribuem para fundamentar uma fé sadia. Quando Jesus ensinou por parábolas, vimos como ele simplesmente não tomou de fabulas mitológicas para ensinar verdades fundamentais do cristianismo. Ele tomou os fatos para narrar ensinos que se estabilizaram como fatos espirituais. Seus ensinos eram firmes, podiam ser experimentados na vida comum. O trigo e o joio, rede e peixes, a boa semente e os solos, o filho pródigo, a perola de grande valor, tudo faziam parte da experiência do cotidiano de um judeu, ele não usou de mitos ou fabulas, as historias de Cristo foram tiradas da vida real, ele não usou do mesmo sistema de Esopo ou outro historiador antigo. Ele usou os fatos para transmitir verdades espirituais. Fatos espirituais fundamentam o cristianismo histórico, mas a ficção serve apenas para obscurecer a lógica. As fabulas promovem apenas a confusão. Mas o evangelho esclarece, ele nos conduz a luz, nos conduz a verdadeira realidade da vida. Precisamos ficar atentos para não cairmos nos laços dos pregadores que inventam coisas com seus falsos discursos. Precisamos estar atentos e abraçar uma cosmovisão bíblica, e viver nessa perspectiva.

CJJ

0 comentários:

Postar um comentário