Li anos atrás o livro “A Divina Revelação do inferno” de Mary Baxter. O livro relata o “revelamento”do inferno, menos ortodoxo que o clássico da literatura escrito por Dante Alighieri (A divina Comédia). A descrição que baxter faz do inferno em seu livro vai além da especulação, e fere um principio bíblico fundamental de interpretação, para não desenvolver heresias quando se estuda o livro sagrado. Não ir além do que está escrito. Como nossos dias é típico de confusão, parece que o livro fez bastante sucesso aqui no Brasil. O povo evangélico não gosta muito de ler um clássico da sã doutrina, como “Os Fundamentos” a famosa compilação de textos fundamentais da doutrina cristã, desenvolvido no inicio do século passado para combater a onda do liberalismo teológico que invadia seminários e púlpitos evangélicos naquela época. A literatura evangélico-esotérica parece ter mais espaço, e digo mais, quem quer publicar algo fora dos padrões das normas do mercado literário evangélico, tem que dançar conforma a onda dos “revelamentos” ou terá poucas chances. Baxter descreve o inferno como tendo braços e pernas, com uma anatomia de um ser humano, algo completamente estranho, sem qualquer apoio bíblico, mas que, no entanto tem tido muitas aceitação como uma verdade ortodoxa para muitos cristãos. O problema é que ao invés de acharmos idéias parecidas nos escritos bíblicos, vamos achar idéias parecidas nos conceitos escatológicos budistas.; o conceito do inferno como uma criatura com nariz, garras, dentes mãos e pés é essencialmente budista, que crê não em um inferno, mas em 128 infernos. (O LIVRO DAS MARAVILHAS DA RELIGIÃO Pág 324), aliás, falando em budismo, para o budista o céu é o nirvana. Uma espécie de não existência, ou como gosto de definir como aniquilacioniosmo positivo, como entender essa escatologia? É o seguinte um budista salvo e um condenado ao inferno segundo o conceito das testemunhas de Jeová e dos adventistas do sétimo dia. É a mesma coisa!
Aniquilacioniosmo e nirvana são muito parecidos, e assim disponha se do argumento para refutar a acusação dos adventistas, que gostam muito de acusar os evangélicos tradicionais de adotarem a crença “pagã” da imortalidade da alma. Agora fiquem eles sabendo que se uma doutrina é pagã porque os pagãos acreditavam, então o aniquilacioniosmo também é pagão, porque os budistas já acreditavam nisso, antes de qualquer adventista existir.
O poder sutil da manipulação ideológica
Ao contrario do que muitos são forçados a acreditar, o cristianismo autentico não é uma espécie de religião manipuladora de massas. Pelo fato de muitos usarem a nomenclatura cristã, e adotarem elementos essencialmente cristãos, não implica que um movimento manipulador de massas seja realmente cristão. Talvez a mídia seja incapaz de discernir isso, e muitos sociólogos também não se interessem por esses fatos, mas ao fazermos uma leitura dinâmica dos evangelhos, vimos Cristo propondo uma espiritualidade libertadora, não opressora. Movimentos religiosos judaicos como o farisaísmo e no contexto cultural, os essênios, tinham um poder manipulador sobre as massas, mas Cristo e sua mensagem, eram revolucionaria, propunha uma libertação do homem das ideologias religiosas manipuladoras. Ficamos frente a uma cristandade confusa, retalhada em seitas, movimentos, e a marca que o “cristianismo” deixou através dos séculos é compreendida nos textos acadêmicos, como uma força manipuladora, as vezes exploradora das crenças, partindo para princípios bizarros e da mais baixa superstição, como exemplo podemos citar as cruzadas e suas guerras, os conflitos conseqüentes da infame aliança religião e política etc. o mundo anti-religioso acadêmico enxerga o cristianismo assim. Mas, no entanto, não essa a verdade. O cristianismo na verdade foi uma religião de poucos no passado e ainda é no presente. Ela é pacifica, e notável na história de movimentos evangélicos genuínos como os Menonitas, que eram (e a maioria ainda é) pacificadores, e não revidavam diante das afrontas e perseguições, mas resistiam. A historia Anabatista, movimento que permeou a idade media e que influenciou grupos batistas também segue a regra. Acontece que o cristianismo autentico não pode ser encontrado na arrogância de muitos lideres religiosos intolerantes e fanáticos, que obscureceram a historia do cristianismo. O cristianismo é a religião da porta e do caminho estreito, de poucos, de um numero reduzido. O cristianismo não é manipulador, não escraviza o homem, não defende a passividade, não é antiintelectual, não é socialmente nocivo. O verdadeiro cristianismo tem poder de estabilizar um matrimonio, uma família, uma comunidade, uma cidade e um país e o mundo inteiro se fosse dado a chance. A verdadeiro cristianismo não desrespeita a individualidade do ser, ele aponta a anomalia, o pecado, adverte sobre as conseqüências, mas dá solução. A coluna que ergue o templo do cristianismo é a graça divina, não deve essa ser confundida com a libertinagem produzida pela vontade humana de pecar. A graça põe limite, e o limite é a base da estrutura elementar de uma existência e de um governo viável. Imagine um mundo sem fronteiras, sem leis, sem limites, sem normas, sem conceitos de certo e errado? Isso seria o inferno literalmente na terra. Mas então porque criticar a ação libertadora do cristianismo quando este implica normas para casamento, lar, família e religião? A liberdade sem leis e normas não é liberdade é caos, e caos não é liberdade. Eu acredito no cristianismo, porque eu vivo ele e sei que ele opera positivamente na minha vida. Não sou um a pessoa triste por ser cristã, pelo contrario, sou feliz. Consigo amar a Cristo, eu vejo uma flor aberta no jardim e sou chamado a poetizar. Meu coração se enche de jubilo quando vejo as imagens do cosmos reveladas pelo Hubble. A liberdade do meu espírito é real, e, portanto toda a minha pessoa é influenciada por essa liberdade que vem de dentro.
É injusto, concluir que o cristianismo é por aquilo que seus falsos representantes apresentam. Isso é injusto, muito injusto. A força manipuladora das ideologias dita cristãs, são parasitas que usam de um pseudônimo apenas para ganhar crédito em meio as multidões famintas espiritualmente. Um dia no futuro, todos verãos a veracidade dessas palavras, ainda que seja para lamento, por não terem dado o crédito que ela merecia.
CLAVIO JUVENAL JACINTO
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