sexta-feira, 20 de novembro de 2009

A VERDADEIRA FÉ

Ao ler o livro de Hebreus, me deleito naquilo que pode ser a descrição mais exata dentro de todo o contexto do capitulo 11. a fé é o firme fundamento das coisas que não vemos. Ela é uma confiança, não uma coisa cega, mas uma confiança simples em Deus, em suas promessas e na sua misericórdia. Isso é importante, lembrar, porque em hebreus 11 encontramos os resultados dessa fé, e creio que na eternidade, essa lista de heróis da fé será ampliada, passando pelas eras da igreja, até os últimos momentos da historia da civilização. Cada cristão que teve uma fé firme terá seu testemunho ecoando pela eternidade. Mas a fé, não é uma força mágica, não é um poder místico, que transforma redimidos em pequenos deuses. A fé não é uma energia geradora, criativa e potente, como se fosse uma eletricidade ou uma energia nuclear. Ela não é um poder que pode ser canalizado, uma força comum do mítico, ou da ficção cientifica. A fé não nos faz super-homens, ela nos torna mais confiantes, mais inabaláveis, mas não nos torna criadores de realidades, não nos torna emitentes de superpoderes místicos, capazes de modificar a realidade das coisas determinadas pela soberania divina.
A fé de muitos é uma força que determina poder para fugir das provações, mas a fé dos santos era uma fé que firmava a convicção do amor de Deus nas mais duras provações. A fé bíblica levou homens a permanecerem fieis diante da fome, da nudez, no frio, das cadeias, dos açoites. A fé de muitos apóstolos modernos é uma fé que não aceita a aflição, não aceita a nudez, não aceita as afrontas e os açoites, é uma fé fictícia, que afirma prover pão no deserto, anjos na queda do pináculo do templo, é a fé que conquista os reinos deste mundo, já que os proponentes dessa fé acreditam num poder conquistador político cristão, capaz de implantar um super-reino utópico neste mundo, tudo através dessa super-fé.
A fé verdadeira, bíblica implica aos santos morrem nas masmorras, nas fogueiras inquisitoriais, firma os passos do cristão ainda nas cadeias, ou nos tribunais de julgamento pelo crime de crer em Deus. Fortalece a convicção até mesmo do martírio, como foi no caso de Antipas, ou do desterro como no caso de João, firma os passos na fé, mesmo diante da espada como foi Tiago, e nas pedradas como foi Estevam. Mas a fé falsa, não aceita a doença, não aceita o martírio, não aceita a morte. Não aceita nada disso, ela é como explica seus proponentes capaz de reverter o destino, nos isentar das mais terríveis dores, nos livrar das mais duras provas, nos colocar num patamar de deuses, isentos da dor, da fome, da doença da perseguição, no fim nada mais é do que uma volta para o paganismo, quando se propõe este tipo de fé. A força mágica dessa fé, mais a soma da crendice de que o homem é um pequeno deus, acaba por transportar neoprotestantes de volta para o romanismo, pois a divinização de crentes não é muito diferente de canonização de católicos. Daí porque o ecumenismo se encaixa tão bem entre ambos, porque o caminho espiritual de fato é o mesmo!
É engraçado como há uma inversão de valores aqui. Os proponentes da nova fé exigem que os outros se sacrifiquem por eles, através de doações de somas exorbitantes de dinheiro para sustentar seus impérios, como exemplo. Mas na fé bíblica, Abraão sacrificou seu próprio filho, pela fé abandonou o conforto a segurança e a prosperidade em Ur, para viver errante no deserto. Veja como Moisés recusou ser um príncipe importante na corte egípcia, com direito a ter todas as regalias que os proponentes da nova fé exigem hoje, para viver com o povo, vivendo grande parte da sua vida no deserto. A fé de Abel e seu sacrifício comprometeu a sua segurança, mas ele permaneceu nessa confiança. Oh, que diferença, que contraste existe entre a fé bíblica e a fé moderna. A fé bíblica está enraizada numa santa confiança no sagrado. Mas a fé moderna está enraizada no misticismo triunfante da nova ordem, útero da religião mundial dominante que já nasce no horizonte dos tempos finais.
A carta aos Hebreus, então afirma que sem fé é impossível agradar a Deus, mas, no entanto muitos religiosos inventaram uma fé para agradar a si mesmos. Nós devemos entender pela fé e acreditar que Deus fez tudo pelo seu poder, não que tenhamos o poder para fazer tudo. Há um contraste muito grande em crer na primeira ou na segunda definição. Aliás, enquanto que a ênfase no capitulo 11 de Hebreus está na incessante busca maravilhosa de uma pátria celestial por decisão de todos os heróis da fé ali descritos, os proponentes da nova fé buscam sim, um império pessoal e terreno, a custo de suas definições errôneas da santíssima fé que uma vez foi dada aos santos. Enfim, enquanto que os heróis da fé venceram os reinos deste mundo, os modernos espiritualistas querem conquistar os reinos desse mundo. Declaram que tal cidade será de Jesus, que tal país será do Senhor, que tal pátria terrena enfim será cristã. O velho dogma da tirania de um sacrossanto império romano inverteu, de católico passou agora a ser “evangélico”. São esses os produtos religiosos que a nova fé está vendendo, a arte da simonia e degradação da apostasia, passam como que despercebidos aos olhos dormentes dessa geração de crentes frouxos e efêmeros, semi-analfabetos bíblicos.

CLAVIO JUVENAL JACINTO

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