sexta-feira, 8 de outubro de 2010

A SINDROME DO CRISTIANISMO CAPITALISTA



E por avareza farão de vós negócio com palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita. (II Pedro 2:3)

O cristianismo tornou-se de fato uma fonte muito lucrativa, a maioria dos lideres e das denominações evangélicas embarcaram na onda consumista capitalista dos últimos dias. Pouca gente critica essa postura decadente e materialista do cristianismo moderno. O negócio lucrativo do cristianismo rende milhões a cada ano, e vem crescendo cada vez mais. A exploração da fé e o mercantilismo cristão, é um filão que não somente vem causando escândalos sociais, mas tem chamado a atenção da mídia secular, por causa dos resultados apresentados.

Infelizmente não encontramos essas características na igreja de Atos dos apóstolos. Não faz muito tempo, vi um irmão escandalizado, porque foi a um culto em uma certa denominação pentecostal, e se assustou com a quantia de envelopes para contribuição, e ainda por cima cobravam uma certa quantia voluntária por uma oração. As inclinações para um cristianismo capitalista, tendo como função dinâmica a cobrança de atividades espirituais transparece muito bem na atitude de um certo Simão mágico, descrito em Atos dos apóstolos capitulo 8. Dessa inclinação de Simão, nasceu o termo “simonia”.

Quando lemos a historia dos reformadores, vamos encontrar em seus escritos duras criticas a pratica supersticiosa do romanismo, aliada a simonia, venda de objetos considerados sagrados ou a venda de indulgências para fins determinados. Os reformadores tomaram dura oposição a essa pratica mercantilista, e os mesmos ficariam estarrecidos se pudessem ver o protestantismo moderno,e com certeza talvez jamais entenderiam como podem ser considerados protestantes ou cristãos, pessoas que praticam o que os próprios reformadores combateram com tanta ousadia. A resposta para essa conduta tão baixa do cristianismo moderno é a apostasia.

Há uma inversão de igrejas quando comparamos a igreja de Atos com a igreja moderna. Enquanto que em atos vimos pessoas vendendo suas propriedades para dividir entre os necessitados, nas igrejas modernas vimos lideres tirando dos necessitados para construir impérios, ou para viver a arrogância de um ministério glamoroso, cujo ministro tem direito ao mais elevado conforto, enquanto que o povo seduzido fica esperando a tal prosperidade que nunca chega como é prometido encima dos púlpitos.

A igreja primitiva não vendia bênçãos, não era uma igreja de pessoas ricas, mas de pessoas simples, como podemos ver no episodio de Pedro e João na porta formosa quando anunciava para o paralítico que não tinham nem prata e nem ouro(Atos 3:1 a 10). Não havia todo um sistema supersticioso, vendas de rosas, sal ungidos, e lenços, não havia água abençoada, não havia esses talismãs para fortalecer a fé dos novos cristãos. A maioria dos cristãos eram remanescentes da época da crucificação, e tinham grandes oportunidades de fazer do cristianismo um negocio prospero, indo atrás da cruz de cristo e desfazendo-a em muitos pedaços para revender nos cultos, sim poderiam ir na casa de Maria e tomar todas as roupas de cristo para revendê-las por preços exorbitantes. Mas não vimos isso. A igreja de Atos era uma igreja liberta da avareza(II Corintios 4;18) e nos raros casos em que esse mal foi visível, vimos o juízo de DEUS operando contra os avarentos. (Atos 5;1 a 11)

Era uma igreja liberta da superstição, não havia liturgias complexas, todos tinham tudo em comum, era uma igreja que funcionava na dinâmica do compartilhar uns com os outros, não havia um sistema de caixa único onde se recolhia ofertas para sustentar o ministério apostólico, não há nem mesmo traço de um único apostolo fazendo isso, e infelizmente nenhum deles viveu a custa de altos salários exorbitantes, como vimos hoje em muitos setores evangélicos, onde a liderança é coroada com salários altíssimos, conforto e glamour, enquanto que os irmãos pobres se esfolam durante toda a semana, para conseguir o mantimento diário para seus familiares. Tal contraste é nítido, e só não vê quem é cego. Tornar-se um pastor, em certas denominações, é um cargo de grande aspiração, porque rende um bom salário, e dependendo da denominação e do tamanho da congregação, tal líder tem salários tão altos, que daria inveja aos mais sublimes profissionais de ramos seculares. Tudo isso tem algo que se parece com ministério bíblico e apostólico? Não, infelizmente não.

Creio que muitas pessoas não vão gostar desse artigo, justamente porque denuncia a decadência dos muitos setores do cristianismo organizado.

As coisas se complicaram bem mais depois que a teologia da prosperidade invadiu os púlpitos. A nova geração de cristãos foi treinada para buscar bênçãos na igreja, foram ensinadas a buscar bens materiais no cristianismo, não há posturas de adoradores na maioria dos templos, a ênfase é na busca frenética pelo bem estar pessoal. Diluídos nessa perspectiva, esquecem que Jesus muito ensinou sobre os perigos da super-enfase aos bensa materiais, em Lucas 12:13 a 20, ele cita a parábola do rico insensato, que de modo tão irônico pode ser aplicado aos nossos dias, desde que se faça uma interpretação materialista, algo soa interessante no texto acima. O rico foi muito abençoado no seu empreendimento. A colheita foi tão abundante, que ele teve que derrubar os celeiros para construir outros maiores para condicionar sua colheita abençoada, mas o final foi trágico, o insensato se esqueceu da sua alma.

Outro fato interessante, agora na vida de Moisés, em Êxodo 36:5 a 7, Moisés mandou o povo cessar suas contribuições para a construção dos utensílios do tabernaculo. Porque ele fez isso? Porque já havia o suficiente, e não queria se enriquecer as custas dos bens alheios. Hoje muitos lideres de ovelhas, pasmem vive no mais alto luxo, num nível de vida elevado, enquanto que suas ovelhas dizimistas, esfolam as mãos no trabalho cotidiano e através do suor ganham o pão de cada dia. Que contraste com o ministério de Cristo, que contraste com o ministério de Paulo, de Tiago, de Pedro e dos outros apóstolos. Não encontramos um só versículo no NT que apóie esse cristianismo capitalista desequilibrado e injusto. Que faz o contraste entre lideres e ovelhas. Lideres andam de carro importado, e ovelhas andam a pé, metrô, ônibus, bicicleta etc. o contraste é muito grande, mas não se esqueçam, chegará o dia do grande juízo. Então tudo estará diante do SENHOR, ele julgará com justiça, cada um daqueles se omitiram de viver e defender a justiça do reino dos céus.

CJJ

0 comentários:

Postar um comentário