quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

A ARCA E O NOÉ PÓS-MODERNO



Supomos que DEUS permitisse que um Noé moderno fosse substituído para construir uma arca lá no mundo anti-diluviano, então através de uma maquina do tempo, o moderno profeta, apostolo ou sei lá o que, viajasse a muitos milênios atrás, até chegar lá naquela civilização antiga, mas não atrasada. Nosso “neo-Noé” estava lá com suas idéias pós-modernas e suas inovações borbulhando na própria mente. A primeira verificação do profeta moderno que substituiu o antigo Noé, era verificar a performance da pregação do velho Noé: 100 anos e praticamente ninguém se converteu. Algo estava errado com a mensagem, outra coisa precisava mudar, o estilo da arca, ela não era atrativa para chamar a atenção dos pecadores, não tinha conforto, não havia poltrona, ar condicionado e não havia nada que sinalizasse luxo e segurança. Homens teriam que conviver com animais, e isso não era nada atrativo e bom. Este novo Noé, portanto tinha que fazer mudanças para melhorar a performance da arca, e mudar também a mensagem. Nada de juízo, nada de chamar pessoas ao arrependimento, nada de condenar pecados e impor disciplinas, regras e princípios morais. Não! A mensagem não pode espantar os fregueses, não deve ferir a auto-estima. Para começar, na visão do neo-Noé não havia problema nenhum na sensualidade exagerada daquela geração. O Noé pós-moderno, veria a semi-nudez, o divorcio e a sodomia como algo comum. A mensagem deveria ser atrativa, tipo, “venham a um passeio pelas turbulentas águas de um dilúvio” ou “você é convidado a participar do mais louco cruzeiro de todos os tempos’ ou ainda “Venha fazer uma aventura a bordo do melhor iate do momento, com passagem de graça e comida a vontade”. O Noé pós moderno, teria que contratar um grupo de teatro, e aproveitaria a bicharada, para fazer da arca um circo, isso seria eficiente para chamar muitas pessoas e livrá-las do cataclismo. Pintaria a arca de rosa choque, verde limão e colocaria luzes natalinas, tipo pisca pisca, isso seria show! As pessoas seriam atraídas pelo visual arrojado de uma arca atrativa. Ele pintaria de vermelho por dentro, é claro e colocaria uma serie de jogos de luzes, dessas que a gente vê nos salões de bailes e nos shows de musica gospel. Com direito a fumaça e tudo mais, contraria uma banda bem manera, com um som potente, barulho atrai. O Noé pós moderno, sem duvida chamaria o antigo Noé de careta antiquado, sem “chamada” para a obra de Deus. A arca estava pronta, com super-visual e toda enfeitada, muita musica conforto. E a platéia atenta aos shows, porque havia tantos bichos dentro dela, e um palhaço no palanque contando piadas, até ateus estavam entrando na arca. A rapaziada da pesada, que gostava de uma vida mais promiscua também se achegaram. O antigo Noé, ficava sentado em uma pedra coçando a cabeça, questionando como esse camarada que ocupou o seu lugar conseguir tantos adeptos em tão pouco tempo, e a festa continuou. O Noé pós-moderno contratou um profeta mercantilista, que saiu gritando aos quatro cantos daquele lugar, convidando as pessoas para entrarem na arca, passagem de graça para um cruzeiro ultra manero, com direito a água de coco, e um ingresso para o baile de sábado a noite, que se daria no porão da arca, enquanto a chuva torrencial destruiria o mundo. O povo começou a vir aos montes, e o Noé pós-moderno teve que projetar aumentar a arca, pois não havia possibilidade de entrar tanta gente, e assim fez. A essas alturas o legitimo Noé já era vitima de chacota, era considerado ultra-ortodoxo, pichado de fundamentalista intolerante, ineficiente, duro e frio. A arca aumentou, e o povo continuava chegando. Havia já uma escola de profetas modernos, que ensinavam o povo a ganhar dinheiro, vendendo convites para entrar na arca. Uma tela para projetar filmes foi instalada também em um dos novos aposentos. Lá dentro da arca era ensinado as pessoas a se amarem mutuamente, mensagens positivas de paz e felicidade, muito dinheiro no bolso, saúde para dar e vender. O povão se deliciava com as mais lindas mensagens comoventes.

Um ano se passou e a arca já tinha o triplo do tamanho, e estava abarrotada de gente, a bicharada foi expulsa. As janelas tinham vidro fumê e o show era diário. Dentro dela já havia um hospital para aborto, e até campo de futebol e piscina, tudo maior conforto. Fundaram também o banco central da arca de noé, circulando a moeda própria o noédolar, o neo-noé fez da arca um império financeiro e fez uma sacada no cume da arca, construiu um trono, e sentou nele, proclamou a si mesmo de deus e chamou os internos de deuses. Era o que o povo queria ver e ouvir.

E o verdadeiro Noé, acanhado se escondeu em um monte, e a bicharada expulsa da arca atrás dele, para o gracejo dos impenitente. Cada noite na arca era só felicidade, misticismo e êxtases corriam por toda a parte, havia uma sinfonia de musica da nova Era, feita com instrumentos inventados por Tubalcaim. Coisa fina!

Era êxito total, agora só faltava o dilúvio, as águas e o juízo divino. Um raio ribombou no horizonte, Noé, o velho pregoeiro da justiça tinha feito um casebre para proteger a sua família e seus “bichos de estimação’ da chuva torrencial. Alguns dias e a chuva detonou de cima para baixo, e o casebre do velho Noé se descolou e começou a flutuar. E a gigantesca arca do neo-Noé, carregada de moedas, carcaças musicais e fantasias, moveis de luxo e outras parafernálias modernas, nem sinal de sair do chão. Um raio fulminante caiu bem no meio da super-arca e rachou ela no meio. Era gente alvoroçada para todos os lados, cada um querendo salvar a vida, a pele e seus deuses monetários. Mas alguns dias e a super arca moderna e colorida jazia no fundo do abismo das águas, e o neo-Noé amarrado ao seu trono de ouro com a boca aberta, morto de tanto tomar água, e toda aquela rapaziada morta nas águas, enquanto o verdadeiro Noé atravessa os limites do velho para o novo mundo, são e salvo com a família e os animais.

Fim da estória, a mensagem do evangelho autentico pode até não ser cativante, e não seja atrativa para as multidões, mas ela é a única mensagem bíblica capaz de conduzir o pecador para o céu, sem ludibriá-lo com os encantos do engano do evangelho moderno.

Esta mensagem foi inspirada após meses de evangelismo procurando ouvintes para assistirem os sermões na Igreja Evangélica Renovada Missionária em Paulo Lopes, sendo que praticamente ninguém se interessou pela mensagem da cruz, doutrina do arrependimento e do novo nascimento acompanhado de transformação de vida, santidade e obediência. Com raras exceções, ninguém se interessou por mensagens desse calibre, porque não está na moda. Mas um dia o show vai acabar, e quem viver verá o fim dos que querem seguir a CRISTO sem ter compromisso com o evangelho.

CLAVIO JUVENAL JACINTO

É presbítero da Igreja Evangélica Renovada Missionária, Pesquisador e missionário de tempo integral.

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